terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Arqueologia do Rock

Gostos musicais não se discutem. Ou se gosta, ou não se gosta, ou se aprende a gostar. Apesar de a minha adolescência ter sido vivida em plenos anos oitenta, a música dessa década não é a que mais me inspira. Nessa altura, comecei por apreciar as músicas calmas do Oceano Pacífico e os singles do Viva o Velho. Lembro-me bem do verão de 82 em que me fartei de ouvir as músicas de 2 cassetes que tocavam naqueles leitores portáteis pretos apenas com um altifalantes. Uma tinha de um lado Chopin, e do outro o Bolero de Ravel. A outra casssete, mas longa, continha uma colectânea de grandes êxitos dos sixties, gravada pelo Zé Rodrigues, meu primo em segundo grau, e já falecido. Portanto, para além de canções como S.Francisco, do Scott Mckenzie, e outras do género, acabei como por conhecer Deep Purple e a seguir os Iron Maiden e Scorpions. Como via quase todas as semanas o Top Ten, claro que gostar de Bryan Adams de Bruce Springsteen também não era muito difícil.
Com os meus 15 ou 16 anos, e já em Bragança, onde fiz os 10º e 11º anos do liceu, entrei em contacto com Rolling Stones graças ao meu amigo Gabriel, que, julgo, tinha a colecção completa deles, a qual tinha sido ganha num concurso qualquer quando vivia no Brasil. Foi na Forró, a discoteca improvisada contígua à garagem da casa dele, que quase todos os Domingos à tarde me fartei de ouvir também Led Zeppelin, Marillion e outros.
Por coincidência, tive um colega de quarto no primeiro da faculdade em Braga, o Filipe, que era completamente maluco pelos Led Zeppelin. Foi por causa dele que acabei por entrar numa aula práctica de Álgebra Lienar, de auscultadores colocados a ouvir The Song Remains the Same, do duplo álbum do mesmo nome.
Apesar de curtir os Led e claro também os Deep Purple, foi com o Baptista e companhia que passei para sons mais pesados, tipo Metallica, ainda com sons de trash metal.  No terceiro ano, era normal estudarmos Mecânica Quântica ao som de Master of Puppets.
O mais interessante para mim, além dos sons em si, é descobrir a origem desses sons. Ainda outro dia, vi um clip, em que o Tommi Iomi dos Black Sabbath explica como chega aos riffes do primeiro álbum, e como  aquele som é completamente diferente do que era feito até ali.
Não percebo nada de guitarra e, se calhar por isso,  dou muito valor a quem toca bem esse instrumento e outros. Aprecio sobretudo sons da pesada, mas que ao mesmo tempo sejam melódicos. E se forem os originais, tanto melhor. Para isso, temos de ir à segunda metade da década de 60 e aos primeiros anos de 70 para descobrir os verdadeiros inventores do hard rock, com ramos diferentes mas igualmente interessantes, desde o heavy metal, passando pelo rock sinfónico e mesmo em muitas variantes mais comerciais,  e se calhar menos puras.
 



Termino esta introdução com esta versão ao vivo de Smoke on the Water, cujos riffes são provavelmente os mais conhecidos de toda a história do hard rock. Este Ian Guilan é, para mim, uma das vozes mais potentes de todos os tempos.